Nos últimos anos, o que vem aquecendo as negociações no agronegócio brasileiro é o potencial no desenvolvimento dos biocombustíveis. Estes são fontes renováveis de energia, originados de materiais orgânicos como a cana-de-açúcar, a mamona, o pião-manso, o girassol, a macaúba, etc. Os biocombustíveis tornaram-se alternativas viáveis aos derivados do petróleo, uma vez que são renováveis e menos poluentes.
Apesar deste furor em torno dos biocombustíveis nos últimos anos, a utilização de combustíveis de origem vegetal, como o álcool, não é uma tecnologia nova. Em meados de 1975, o governo brasileiro instituiu um programa chamado PROÁLCOOL (Programa Nacional do Álcool), que visava à diminuição dos custos da importação do petróleo. A região Sudeste despontou como a maior produtora e consumidora de álcool do país. Mas, devido à pressão e boicote internacional, o PROÁLCOOL não vingou. Os grandes produtores de petróleo encontraram apoio nas montadoras de automóveis, principalmente da Mercedez Benz Caminhões, para impedir que o Brasil despontasse como um potencial mundial de energia. No período em questão, já estavam em andamento os estudos relacionados ao Biodiesel, mas o corte de verbas do Banco Mundial para os produtores e usineiros fez com que o projeto lentamente perdesse sua força.
O governo do presidente Lula retomou o projeto do biodiesel, que hoje é o “carro chefe” para a solução dos problemas da matriz energética. Menos poluentes e, por vezes, mais eficientes do que a gasolina e o diesel, os biocombustíveis são a melhor alternativa à possível escassez do petróleo e para combater o efeito estufa. Porém, com a boa aceitação do mercado e aumento da demanda, os biocombustíveis podem criar um desequilíbrio na cadeia produtiva do agronegócio, atraindo agricultores que se dedicavam ao plantio de gêneros alimentícios para o mercado de vegetais com potencial energético, gerando um déficit na oferta de alimentos. A “mina de ouro” dos combustíveis de origem vegetal pode influenciar a proliferação das monoculturas, exploração do homem do campo e aumento dos preços dos produtos alimentícios (pela diminuição da oferta).
AGRICULTURA FAMILIAR
A agricultura familiar é de extrema importância para o Brasil. Dentre os diversos fatores que a tornam essencial, estão: a geração de empregos, o abastecimento do mercado interno, maior diversidade de alimentos e menor impacto ambiental quando comparado ao da produção em grande escala. Ela corresponde a 40% da cadeia produtiva nacional e é responsável pela maior parte da produção de feijão, mandioca e leite.
A estrutura agrícola familiar também é responsável pela maior parte do abastecimento das cidades mais distantes dos centros urbanos. O investimento do governo neste setor é essencial para evitar a rotação de terras primitivas (que acarreta esgotamento do solo, emigração, desmatamentos, etc.), uma vez que a propriedade familiar rural funciona como moradia e fonte de renda para o homem do campo. Um programa do governo que beneficia e incentiva este modelo de produção é o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), que, associado ao Fome Zero, propicia o escoamento da produção agrícola familiar, por um preço justo, para famílias que estão em situação de vulnerabilidade social e alimentar.
Alguns especialistas afirmam que a principal medida para a otimização do sistema familiar de produção é o estabelecimento de uma reforma agrária eficaz. Prevista na constituinte de 1988, a reforma agrária está muito longe do seu ideal. A distribuição de terras improdutivas (mantidas como reserva de valor) para a ocupação e exploração por parte das famílias rurais, traria enormes ganhos na produtividade, diminuição da pobreza e arrecadação de impostos, além de diminuir os conflitos pela terra tão frequentes entre latifundiários e o MST (Movimento dos Sem Terra).
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